“O uso da Inteligência Artificial é inevitável. Ou a adotamos, ou a adotamos. E, ao contrário do que alguns pensam, a I.A. não vai substituir o ser humano, porque é o humano quem alimenta a tecnologia. O que nós esperamos é que ela traga mais eficiência e precisão nas decisões da nossa Justiça do Trabalho”.
Foi com essa expectativa que o presidente do Tribunal Regional do Trabalho da 21ª Região (TRT-RN), desembargador Eridson Medeiros, abriu sua exposição durante o Encontro Nacional de Tecnologia e Inovação (Enastic).
Ele dividiu um painel sobre os Desafios das Lideranças frente à Inteligência Artificial na Justiça do Trabalho, com o desembargador Eduardo Rocha, vice-presidente do TRT-RN, no evento que reúne em Natal especialistas em tecnologia da informação do Poder Judiciário de todo país.
Para o presidente do TRT-RN, “a Inteligência Artificial é conhecimento para aumentar o conhecimento, mas não basta só jogar os dados na máquina. A Inteligência Artificial não veio para julgar conflito de uma forma mais equânime, mais solidária, mais justa e para isso é essencial o feeling do juiz, a compaixão e a moralidade, para enxergar o lado humano presente nas relações de trabalho”.
O Conselho Nacional de Justiça já faz uso do Victor, uma ferramenta de Inteligência Artificial que agiliza a análise de matérias repetitivas, “o que tem agilizado em muito os julgamentos desse tipo de matéria, reduzindo os prazos em até dois anos de espera, com a análise massiva dos dados e a automação das rotinas processuais”, reconhece Eridson.
REGULAÇÃO
O desembargador Eduardo Rocha, por seu turno, concorda com Eridson sobre a irreversibilidade do uso da Inteligência Artificial nas rotinas do Judiciário e no trabalho do julgador, “até porque ninguém pode conjugar o futuro sem estar no futuro”.
Segundo o vice-presidente do TRT-RN, que lidera o debate sobre o uso de novas tecnologias digitais no trabalho do tribunal, “a Inteligência Artificial tem se mostrado como uma ferramenta eficaz no enfrentamento dos abusos promovidos pelo excesso dos Agravos de Instrumento que diariamente abarrotam o judiciário brasileiro. É combater os AI (agravo de Instrumento) com a IA”.
Para Eduardo Rocha, porém, é preciso estabelecer um marco regulatório para o uso da Inteligência Artificial no Judiciário e no país, “para que o Brasil não vire uma terra de ninguém e se acabe privando do pleno acesso à Justiça quem mais precisa”.
Quanto aos investimentos em Inteligência Artificial por parte da Justiça do Trabalho brasileiro, condiciona Eduardo, o desafio é superar as dificuldades de investimentos e a definição de orçamento próprio pelo Conselho Nacional de Justiça.