| 22 dezembro, 2022 - 09:27

Aprovado na OAB, motoboy já morou na rua e usou paredes para estudar

 

Dedicação e empenho foram palavras de ordem na vida de Sérgio Chaves. Após sair de casa aos 11 anos e morar na rua, Sergio foi acolhido por uma família, conseguiu um emprego e se reergueu.  Aos trinta, Sérgio, que só havia cursado até o 3º ano do ensino fundamental, decidiu que voltaria a estudar. Fez

Dedicação e empenho foram palavras de ordem na vida de Sérgio Chaves. Após sair de casa aos 11 anos e morar na rua, Sergio foi acolhido por uma família, conseguiu um emprego e se reergueu. 

Aos trinta, Sérgio, que só havia cursado até o 3º ano do ensino fundamental, decidiu que voltaria a estudar. Fez um exame para certificação de competência que lhe dava a conclusão do ensino médio, e, em 2018, ingressou no curso de Direito.

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“Devido a tudo o que eu passei, as humilhações, preconceito, eu queria muito o curso de Direito justamente para saber me defender, conhecer os meus direitos.”

No 9º semestre do curso, em sua primeira tentativa, a OAB veio: sem cursinho, apenas estudando por videoaulas do Youtube, e fazendo anotações que tomaram até as paredes do banheiro. 

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Sergio Chaves foi aprovado no 34º Exame de Ordem, já apresentou o trabalho de conclusão de curso e a colação de grau está prevista para fevereiro.  

Sérgio nasceu em Imperatriz/Ma, e circulava entre o Maranhão e o Pará, mas teve problemas com o padrasto e a madrasta. Em uma dessas viagens, aos 11 anos, decidiu desviar o caminho e foi para Teresina, no Piauí.

Lá, sem oportunidades, morou nas ruas por aproximadamente um ano. Ele conta que comia frutas estragadas da Ceasa para sobreviver. Lava pratos em troca de comida, e passou fome, frio e humilhação. 

As coisas mudaram quando Sérgio chegou em Fortaleza, Ceará, onde foi acolhido por um homem chamado Nonato e sua família. “Ele me deu um teto, me deu casa, me deu uma família. Ele tomava conta de um Lava Jato e fiquei com ele por um tempo.”

Sérgio trabalhou no lava jato, e depois como entregador de lanchonetes, com uma bicicleta. Com o passar dos anos, comprou uma moto, e depois uma casa. Casou-se e teve um filho. Ajudou a esposa a estudar – hoje enfermeira pós-graduada -, e, vinte anos depois de deixar as salas de aula, decidiu que voltaria a estudar.

Ele passou a cursar a 4ª série, e então realizou o Encceja, exame nacional para certificação de competência. Aprovado, em 2018 ingressou no curso de Direito da FAECE – Faculdade de Ensino e Cultura do Ceará. Por todo o curso, ele conciliou as entregas, que fazia como motoboy ao longo do dia, com os estudos à noite. 

Para o Exame de Ordem, Chaves não fez cursinho: explorou videoaulas disponíveis no Youtube, que ouvia nos fones enquanto fazia suas entregas, realizou 12 provas dos Exames de Ordem anteriores, fazia anotações em post its que colava na moto e até escreveu nas paredes do banheiro. Ele conta que se desligou das redes socoais e dedicou todo o tempo fora do trabalho aos estudos.

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