| 11 dezembro, 2019 - 17:00

Em gravação obtida pela PF, juiz preso na Bahia discute valores e pagamentos com advogado

 

A Operação Faroeste investiga um esquema de grilagem de terras que ocorria por meio de decisões judiciais consideradas ilegais

Reprodução

Em gravação obtida pelos investigadores da Operação Faroeste , o juiz da Bahia Sérgio Humberto Sampaio , preso preventivamente sob suspeita da venda de decisões judiciais, discute valores e pagamentos com um advogado. O áudio foi gravado pelo próprio advogado, Júlio César Cavalcanti Ferreira , e encontrado pela Polícia Federal durante busca e apreensão na sua residência.

A Operação Faroeste investiga um esquema de grilagem de terras que ocorria por meio de decisões judiciais consideradas ilegais ou suspeitas. Segundo o inquérito, o juiz Sérgio Humberto foi enviado pela cúpula do TJ da Bahia para atuar no oeste baiano e “fazer cumprir, com velocidade incomum”, cancelamentos e aberturas de matrículas de imóveis

Desta forma, produtores rurais que ocupavam terras no oeste baiano eram obrigados a negociar acordos milionários com os operadores do esquema, que se tornavam donos dos terrenos graças às decisões proferidas irregularmente. A PGR investiga se essas indenizações milionárias seriam repartidas com magistrados que atuavam no esquema.
A conversa gravada pelo advogado com Sérgio Humberto versava justamente sobre a negociação de acordos em processos no oeste baiano. Eles discutem pagamentos de acordos em processos judiciais. Em um dos trechos, o juiz chega a sugerir o pagamento de 10 milhões “por fora” em um acordo judicial sob negociação.

Não está claro se as referências a valores se referem a “sacas”, produtos agrícolas que segundo a investigação eram usados para pagar propina, ou especificamente a dinheiro. Segundo as próprias conversas entre eles, um milhão de sacas valeria o equivalente a R$ 65 milhões, indicando altos valores sob negociação. Na avaliação da Procuradoria-Geral da República e da PF, o diálogo mostra o juiz acertando pagamentos de valores ilícitos com o advogado em compensação aos acordos judiciais firmados no oeste baiano.

O Globo


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