| 2 novembro, 2019 - 11:40

Promotora que fez campanha para Bolsonaro é afastada de caso Marielle

 

A imparcialidade de Carmen Eliza passou a ser questionada

Após a divulgação de que fez campanha pelo presidente Jair Bolsonaro (PSL) nas eleições de 2018, a promotora Carmen Eliza Bastos de Carvalho pediu nesta sexta-feira (1/11) afastamento das investigações do assassinato da vereadora Marielle Franco (Psol) e do motorista Anderson Gomes.

Carmen Eliza demonstrou várias vezes seu apoio ao presidente Jair Bolsonaro.
Reprodução/Instagram

A promotora Carmen Eliza participou de entrevista coletiva nesta quarta-feira (31/10) sobre o caso Marielle Franco. Na entrevista, integrantes do Ministério Público do Rio de Janeiro disseram que o porteiro do Condomínio Vivendas da Barra mentiu sobre ter ligado, a pedido de Élcio Queiroz, suspeito da morte da vereadora Marielle, para a casa da família de Jair Bolsonaro. A versão do porteiro foi apresentada pelo Jornal Nacional, da TV Globo.

Porém, a imparcialidade de Carmen Eliza passou a ser questionada. Imagens de seu perfil no Instagram a mostram vestindo camiseta com a imagem do então candidato e o escrito “Bolsonaro presidente”. Em outras publicações ela comemora a vitória de seu candidato: “O Brasil venceu!!! 57,7 milhões! Libertos do cativeiro esquerdopata”, publicou. As publicações podem render uma punição à promotora. De acordo com o artigo 128 da Constituição Federal, é vedado aos membros do MP exercer atividade político-partidária.

Em nota, Carmen Eliza afirma que todos têm direito à liberdade de expressão, e o promotor de Justiça não perde essa garantia por causa do cargo. Ainda assim, ela afirma que suas opiniões políticas nunca afetaram sua atuação profissional.

“Durante toda a minha vida funcional, que exerço há 25 anos no Ministério Público do estado do Rio de Janeiro, jamais atuei sob qualquer influência política ou ideológica. Toda a minha atuação é pública e, portanto, o que afirmo pode ser constatado.”

A promotora explica que decidiu voluntariamente se afastar do caso Marielle e Anderson “em razão das lamentáveis tentativas” de macular sua atuação “séria e imparcial”. Segunda ela, tratou-se de “verdadeira ofensiva de inspiração subalterna e flagrantemente ideológica, cujos reflexos negativos alcançam o meu ambiente familiar e de trabalho”.

Carmen Eliza também disse que tomou essa decisão por respeito aos pais de Marielle Franco e Anderson Gomes. Nesta sexta (1/11), o Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado recebeu os pais de Marielle e a viúva de Anderson, que defenderam a permanência de Carmen Eliza no processo, conforme o MP-RJ.

Diante da repercussão das postagens da promotora em suas redes sociais, a Corregedoria-Geral do Ministério Público do Rio de Janeiro instaurou procedimento para análise.

Conjur


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