A partir da investigação que resultou no afastamento de cinco desembargadores do Tribunal de Justiça do Mato Grosso do Sul (TJ-MS), a Polícia Federal (PF) interceptou mensagens de envolvidos em esquema de venda de sentenças. Em um dos diálogos, um advogado alvo de mandado de busca e apreensão fala em “leilão” de magistrados e afirma que “cada um quer mais que o outro”.
Mais cedo, em nota, o TJ informou que os fatos apurados pela PF “ainda estão em investigação”, sem comprovação de “juízo de culpa definitivo”.
A PF indica que as mensagens interceptadas estão relacionadas a um acórdão (decisão colegiada) em processo de embargos de declaração cível, cujo resultado foi de 3 votos a 2. A decisão teria sido proferida em 6 de abril de 2021.
O advogado investigado, Félix Jayme Nunes da Cunha, diz na mesma data que esperava o resultado de um julgamento no qual houve um “leilão danado”.
Em conversa com um interlocutor, o advogado diz que estava ligado em um julgamento que teria início às 14h e que havia acabado de sair do Tribunal de Justiça.
“Vou faturar por 3×2 … Pqp leilão danado kkkk … Cada um quer mais que o outro [sic]”, diz trecho da mensagem.
Dois dias depois, este mesmo advogado envia outra mensagem a um servidor do TJ “confirmando o resultado e reforçando a compra da decisão”, segundo a PF.
“Ontem eu terminei de pagar os caras lá”, escreveu em outro trecho de mensagem. Para a PF, há “fortes indícios” de que a decisão proferida em 6 de abril de 2021 foi “fruto de corrupção”.
Em nota, o advogado afirmou que os fatos estão distorcidos e não procedem, e que isso será demonstrado e comprovado no decorrer do inquérito. Félix disse, ainda, que foi surpreendido com as divulgações e que não teve acesso ao inquérito.
O Globo