A Folha revelou nesta quarta-feira, 13 de agosto, que o gabinete do ministro Alexandre de Moraes se valeu de mensagens privadas no aplicativo WhatsApp para simular a produção de relatórios que, mais tarde, seriam usados por ele mesmo para embasar ações contra expoentes do bolsonarismo golpista.
Nos autos, o órgão de combate à desinformação levantava de forma espontânea supostas ameaças ao regime democrático e ao processo eleitoral e entregava o resultado nas mãos do juiz para a sua decisão imparcial, como se imagina o Estado democrático de Direito.
Na prática, as supostas ameaças eram farejadas pelo próprio magistrado.
Fora dos autos, ordenava secreta e informalmente a produção de relatórios. Horas depois, tomava, aí sim nos autos, as medidas restritivas baseadas nos mesmos relatórios que havia encomendado.
“Trata-se de um ofício encaminhado pela Assessoria Especial de Desinformação Núcleo de Inteligência do Tribunal Superior Eleitoral”, escreveu Moraes, por exemplo, em uma de suas decisões.
As mensagens reveladas por Fabio Serapião e Glenn Greenwald, porém, mostram que se tratava de outra coisa.É como se Moraes escrevesse: baseado nas evidências colhidas por mim mesmo e por mim mesmo já recriminadas de imediato, decido.
Folha de São Paulo