5ª Câmara Cível do Tribunal de Justiça de Pernambuco (TJPE) realizou uma audiência para analisar um recurso relacionado ao processo movido pelo juiz Sílvio Romero Beltrão, que pediu a interdição do próprio pai, o desembargador Sílvio de Arruda Beltrão. Em vários momentos durante a sessão, o desembargador Sílvio de Arruda Beltrão fez acusações contra o filho, a quem chamou de “ditador” e “desonesto”.
Parte da audiência, realizada na quarta-feira (2), foi transmitida pelo canal do TJPE no YouTube. Logo no início da sessão, Sílvio de Arruda Beltrão pediu um momento de fala ao desembargador Agenor Ferreira de Lima Filho, que presidia o julgamento.
Arruda acusou os filhos, incluindo o juiz Sílvio Romero Beltrão, de apresentar atestados falsos para alegar que ele tinha Alzheimer e dessa forma pedirem a sua interdição.
“Eu estou preso por um ditador, que é meu filho. Meu filho é o meu ditador. Eu garanto ao senhor que ele foi aí para ditar essa norma. Porque ele quer mandar em tudo, até no meu dinheiro, no meu patrimônio e na minha vida. […] Estou sofrendo há dois anos, absurdamente, por um filho ditador. Um filho que quer matar o pai. E eu não vou morrer. Estou com 80 anos e não vou morrer agora, não”, declarou o desembargador.
Sílvio de Arruda Beltrão disse ainda que não reconhecia o advogado designado pela família para fazer sua defesa e chamou o filho, Sílvio Romero Beltrão, de “desonesto”, referindo-se ao período em que o juiz esteve à frente do processo de recuperação judicial da Usina Catende, na Zona da Mata Sul de Pernambuco.
“Desembargador Agenor, eu só vou dizer uma coisa ao senhor. Se o senhor não quiser mais me ouvir, eu não vou forçar. Mas Sílvio Romero é desonesto. O senhor sabe qual foi o desfalque que foi dado na Usina Catende? R$ 18 milhões”, afirmou Sílvio de Arruda Beltrão.
A interdição judicial do desembargador foi acatada na primeira instância e, desde então, Sílvio de Arruda Beltrão estava sob a tutela dos filhos. No entanto, um despacho do juiz Carlos Magno Cysneiros Sampaio, ao qual o g1teve acesso, revogou a decisão anterior na tarde desta sexta (4).
Procurado, o juiz Sílvio Romero Beltrão disse que o caso é uma “questão de família” e, por isso, não vai se manifestar.
G1