| 8 junho, 2023 - 09:36

Lava jato’ tentou emparedar ministros do STJ e escreveu súmulas para o TRF-4

 

Conversas inéditas entre procuradores da finada “lava jato” mostram que o ex-juiz Sergio Moro tentou obter informações para emparedar ministros do Superior Tribunal de Justiça e que o Ministério Público editou súmulas do Tribunal Regional Federal da 4ª Região em matéria penal e de improbidade administrativa. Os diálogos foram revelados nesta quarta-feira (7/6) por Luis

Conversas inéditas entre procuradores da finada “lava jato” mostram que o ex-juiz Sergio Moro tentou obter informações para emparedar ministros do Superior Tribunal de Justiça e que o Ministério Público editou súmulas do Tribunal Regional Federal da 4ª Região em matéria penal e de improbidade administrativa. Os diálogos foram revelados nesta quarta-feira (7/6) por Luis Nassif, do Jornal GGN, e obtidos também pela revista eletrônica Consultor Jurídico.

Moro e Dallagnol combinaram de deixar
de usar documentos sobre políticos
Reprodução/Instagram

Além disso, as conversas, que fazem parte do acervo apreendido pela Polícia Federal na operação “spoofing”, voltam a mostrar a proximidade entre a “lava jato” e o desembargador Marcelo Malucelli, do TRF-4, e que os procuradores podem ter deixado de utilizar documentos sobre políticos a pedido de Moro, possivelmente para que o caso não subisse ao Supremo Tribunal Federal. 

“O Russo (Sergio Moro) pediu para autuar os materiais sensíveis, como aquelas três folhas que você me mostrou hoje, em apartado. E ele quis saber onde estão as anotações do MO (Marcelo Odebrecht) sobre o Falcão e ministros do STJ”, disse uma pessoa identificada nas mensagens apenas como “Érika”, possivelmente a delegada Érika Marena. Já “Falcão”, citado no diálogo, é o ministro Francisco Falcão, do STJ. 

Uma segunda pessoa, dessa vez não identificada no diálogo, falou que só há “ilação” entre as anotações de Marcelo Odebrecht sobre Falcão. 

Em outro trecho, o procurador Januário Paludo afirmou que o desembargador Thompson Flores Lenz, do TRF-4, pediu que os integrantes da “lava jato” fizessem súmulas para a corte em matéria penal e de improbidade administrativa: “O trf4 vai editar uma série de súmulas. Quem está coordenando e o vice presidente, nosso ex-colega Lenz, que nos procurou. Ele nos pediu, ‘diante da nossa experiência’ a redação de súmulas em matéria criminal e AIA, especialmente”. 

Depois dessa mensagem, o então coordenador da “lava jato”, Deltan Dallagnol, brincou, usando o seu já conhecido punitivismo, sobre qual deveria ser a redação de uma das súmulas: “No mínimo, a pena máxima”.

Outra conversa indica que Moro orientou a “lava jato” a esconder documentos envolvendo supostos pagamentos a políticos, possivelmente para que o caso não fosse imediatamente ao Supremo Tribunal Federal, corte responsável por analisar ações envolvendo autoridades com foro especial. 

“Prezados, sabem dizer onde localizo a planilha/agenda apreendida com BARRA que descreve pgtos a diversos politicos. Lembro que o russo tinha pedido protocolo separado. Vamos precisar pra manter a prisao dele la em cima”, disse “Athayde”, provavelmente o procurador Athayde Ribeiro Costa.

Uma pessoa não identificada falou que Moro orientou que não houvesse pressa para que os documentos fossem enviados ao sistema da Justiça Federal. “O russo tinha dito pra não ter pressa pra eprocar isso, dai coloquei na contracapa dos autos e acabei esquecendo de eprocar.”

As conversas também voltam a mostrar que o desembargador Marcelo Malucelli tinha bastante proximidade com os procuradores da “lava jato”. O magistrado, que integra a 8ª Turma do TRF-4, é pai do advogado João Eduardo Malucelli, sócio de Moro em um escritório de advocacia.

Por fim, Moro teria chamado um delegado da Polícia Federal que atuou na operação “zelotes” para saber o que havia na investigação contra um dos filhos do hoje presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). 

“Delegado da zelotes teria sido chamado ontem pelo russo em Cwb p saber o q tem sobre o filho do 9. Teria viajado só p isso”, diz na conversa uma pessoa identificada como “Paulo”, possivelmente Paulo Roberto Galvão. 

Conjur


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