O goleiro Sidão, ex-Vasco e atualmente no Atlético Catarinense, venceu na primeira instância um processo por danos morais contra a TV Globo após ter recebido um prêmio como deboche de torcedores. A emissora terá que pagar R$ 30 mil pela entrega do troféu.
Em 2019, durante uma partida contra o Santos, o goleiro cometeu erros que culminaram na derrota do Vasco por 3 a 0. Os vacilos movimentaram as redes sociais, e, por piada, o jogador foi eleito o “Craque do Jogo”, premiação da Globo para os destaques das partidas transmitidas.
A entrega do prêmio logo após a partida, com transmissão ao vivo, gerou constrangimentos ao goleiro, que reconhecia o mau desempenho na partida. Nas redes sociais, ele pediu respeito profissional; jogadores de diferentes clubes manifestaram apoio a ele.
Na época, a TV Globo emitiu nota pedindo desculpas e mudou a dinâmica da votação: agora, além da opinião do público, os comentaristas são consultados para aprovar a entrega.
Nesta segunda-feira (17/10), o juiz Antonio Conehero Junior, da 31ª Vara do Foro Central Cível de São Paulo, decidiu que a TV Globo colaborou para o insulto promovido pelos torcedores contra o goleiro.
Para o juiz, a Globo poderia apenas ter comunicado o resultado da enquete com os internautas. “Estaria cumprindo seu dever de informar. Mas a ré foi além, e fez a entrega do troféu, incorrendo em evidente exercício abusivo de direito, sendo despropositado sustentar que o autor [Sidão] que estava trabalhando, e não se divertindo com amigos em partida de futebol deveria receber o fato com bom humor”, afirma na sentença.
A emissora teria “todos os meios para obstar a humilhação pública a que foi exposto o autor com a entrega do irônico troféu”, mas optou por pedir a uma repórter que comunicasse o resultado da votação em uma entrevista ao vivo com o goleiro, apontou o juiz.
Por isso, a TV Globo precisará indenizar Sidão em R$ 30 mil – o goleiro demandava R$ 1 milhão, alegando que a situação trouxe prejuízos à carreira dele. O argumento de que o constrangimento gerou perda de valor de mercado para o jogador não foi aceito.
A Globo, que se defendeu alegando liberdades de expressão e de imprensa, ainda poderá recorrer contra a decisão. Procurada pelo JOTA, a emissora ainda não se pronunciou sobre o caso. O espaço permanece aberto.
O processo no Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo (TJSP) tem o número 1018376-76.2021.8.26.0100.
JOTA