Durante uma audiência do Tribunal Regional do Trabalho da 3ª Região, uma juíza deBelo Horizonte questionou uma vítima de assédio se ela já havia se relacionado com homem casado.
Juíza de BH questiona se mulher que denuncia assédio já ‘mexeu’ com homem casado pic.twitter.com/crBLTfxj6t
— BHAZ (@portal_bhaz) September 20, 2022
“Aconteceu de alguma mulher casada ir até a casa do reclamado dizendo que a senhora tinha mexido com o marido dessa pessoa?”, questiona a juíza Cleyonara Campos Vieira Vilela durante audiência.
A vítima é uma jovem de 21 anos, que saiu da casa da família, em Itabira, na região Central do estado, para trabalhar e morar na casa dos patrões, em BH. A identidade dela será preservada.
Humilde, a jovem precisava de emprego e descobriu, por meio de um site de classificados, uma oportunidade. Segundo ela, no anúncio, uma família precisava de uma pessoa para fazer os trabalhos de casa e cuidar de duas crianças.
Um dos requisitos para a vaga, que pagava menos de um salário mínimo, era que a pessoa não morasse em Belo Horizonte. Dessa forma, a funcionária ficaria integralmente na casa dos patrões, à disposição.
“Conversei um dia com meus ex-patrões e na outra semana eles já foram lá [em Itabira] me buscar. Fui para a casa deles e passei a fazer os serviços. No início, era bem tranquilo”, afirma a jovem.
Assédios
A jovem chegou à casa dos patrões em novembro do ano passado. Um local grande, com piscina. Cerca de três meses depois, no início deste ano, os assédios começaram.
“Ele [o ex-patrão] trabalhava o dia todo, sempre almoçava fora. Mas aí ele começou a ficar mais dentro de casa, sempre perto de mim”, continua.
De acordo com a vítima, o homem aproveitava qualquer oportunidade para assediá-la. “Ele vinha e conversava no meu ouvido, passava a mão. Ele pedia para colocar fotos íntimas minhas no Instagram. Aí eu falava que não e ele ficava nervoso, começava a rir e debochar”.
Piorou
A situação ficou pior após a jovem começar a frequentar os ambientes familiares e ir a outros eventos com a família, fora do horário de trabalho.
“Quando eu estava na piscina, ele ficava passando a mão, me alisando. E ele fazia isso abraçado com a mulher, com as crianças por perto. Até durante o trabalho ele queria que eu parasse para ficar com ele”.
Em outro momento, em um dia de jogo do Atlético, que a família foi assistir em um barzinho, os assédios continuaram. Mesmo na presença de muitas pessoas, a vítima explica que o homem continuava com os assédios, passando a mão nela nas oportunidades que tinha.
Em um clube no Jaraguá, na região da Pampulha, outra situação. “Ficava falando que queria ficar comigo, e mandava mensagens dando em cima de mim”.
BHAZ