Monique Medeiros relatou hoje à Justiça do Rio de Janeiro que foi treinada pelo advogado André França para dar uma versão sobre a morte do filho, Henry Borel, que favorecesse o ex-vereador Jairinho (sem partido). França foi o primeiro advogado do acusado —desde então, foram duas trocas de defesa.
A primeira versão de Monique afirmava que ela teria visto Henry caído e depois acordado Jairinho. Hoje, em interrogatório na 2ª Vara Criminal do Rio de Janeiro, ela deu outra versão —ela estaria dormindo quando Jairinho a acordou e disse que encontrou o enteado caído no chão.
O UOL tenta contato com o advogado criminalista André França para que ele se manifeste sobre a acusação de Monique.
“Eu fui treinada a dar uma outra versão, que eu vi o menino e acordei o Jairinho. Ele [o advogado] me treinou para falar exatamente o que ele tinha planejado, de uma forma que não sobrava arestas que alguém pudesse corromper”, diz a pedagoga.
Monique conta que França afirmou que ela poderia ser responsabilizada pela morte do filho, e ela questionou: “Por que eu seria responsabilizada se eu não fiz nada?”. O advogado então afirmou que ela bebeu vinho e colocou o menino para dormir sozinho —o que, na versão do advogado, acarretaria suspeita dela por omissão de socorro e negligência.
Monique deu detalhes sobre o “treinamento”. Ela afirma que foi com Jairinho ao escritório de França, no centro do Rio, por três dias para ensaiar, de manhã até a madrugada. “Foram mais de dez copos de 500 ml de café. Depois, conseguimos o boletim médico do meu filho e ensaiamos em cima desse documento”, disse.
A pedagoga relatou também que o advogado tentou imputar culpa pela morte do menino ao engenheiro Leniel Borel, pai de Henry. França teria dito que havia a possibilidade de o menino ter vindo machucado da casa do pai, poucas horas antes de morrer.
“Você [o advogado] está mentindo, porque o Jairinho me disse que encontrou o meu filho no chão e colocou na cama. Como pode ter sido o Leniel, que nem estava lá?”, perguntou Monique ao advogado.
“Eles sempre me alimentavam a ter raiva do Leniel. E era o que acontecia: em doses homeopáticas eu ficava com raiva do Leniel”, completou a pedagoga.
Ela relata ainda que a família de Jairinho foi criando uma “bolha” em que Monique mergulhou e adotou a versão combinada pelo advogado.
Poucos meses depois, após ser alertada pela família, Monique disse ter decidido trocar de advogados e insistir na versão que apresentou hoje à Justiça.
UOL