| 10 janeiro, 2022 - 14:17

Clãs do Judiciário elegem parentes e sócios para OAB

 

Assim como na política partidária, o peso do sobrenome e a conexão com membros do Judiciário também se fazem presente no resultado das eleições das 27 seccionais da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB). Um terço das chapas elegeu membros que pertencem ou são ligados a tradicionais clãs de membros do Judiciário, de acordo com

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Assim como na política partidária, o peso do sobrenome e a conexão com membros do Judiciário também se fazem presente no resultado das eleições das 27 seccionais da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB). Um terço das chapas elegeu membros que pertencem ou são ligados a tradicionais clãs de membros do Judiciário, de acordo com levantamento do Estadão.

Somente entre conselheiros federais e presidentes de seccionais regionais eleitos, oito chapas elegeram parentes de desembargadores e ministros. Mais da metade destes magistrados entraram nas Cortes pelo quinto constitucional da OAB, uma das prerrogativas da Ordem – além disso, a entidade escolhe cargos em conselhos que fiscalizam o Ministério Público e o próprio Judiciário.

No Ceará, o advogado Caio Rocha foi eleito conselheiro federal. Ele é filho do ex-ministro do Superior Tribunal de Justiça (STJ) Cesar Asfor Rocha, que entrou na Corte pelo quinto constitucional e foi conselheiro da entidade. Pai e filho são próximos na advocacia.

Ambos foram denunciados por peculato e exploração de prestígio no próprio STJ no âmbito da Operação E$quema S, que investigou a influência indevida na Corte em uma batalha judicial da Fecomércio. A denúncia foi anulada pelo Supremo Tribunal Federal (STF), e a investigação, transferida da Lava Jato do Rio para o MP Estadual, onde será reiniciada. Procurado, Caio não quis comentar.

Filho do ministro João Otávio de Noronha, que também entrou no STJ pela OAB, o advogado Otávio de Noronha, o Tavinho, foi eleito conselheiro federal suplente no Amapá. Por lá, ele não tem escritório e pouco atuou. Tirou uma carteira suplementar no Estado e, segundo conselheiros aliados, saiu pelo Amapá por ter dificuldade de conseguir os votos suficientes em Minas e no DF. Tavinho é cotado para uma possível indicação ao novo TRF-6. Sua atuação como advogado se dá em Minas Gerais, terra de João Otávio, e em Brasília, onde advoga de maneira expressiva no STJ. Procurado, o advogado não se manifestou.

‘TRADIÇÃO’. No Rio, em uma composição que se deu na proximidade das eleições, o escolhido foi Paulo Cesar Salomão Filho, sobrinho do ministro do STJ Luis Felipe Salomão, oriundo da magistratura. Questionado sobre a influência de seu tio, o advogado afirmou que já ocupou outras posições na OAB do Rio, e que a eleição não se trata de uma “escolha arbitrária, mas de uma eleição”. “Esse processo vem sendo aperfeiçoado com o tempo, garantindo a todos os que querem participar igualdade de oportunidade e de acesso, sejam de famílias com tradição no Direito ou não”, afirma.

Estadão


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