| 4 janeiro, 2022 - 14:00

Telegram é desafio da Justiça no combate a fake news nas eleições

 

Um grupo do Ministério Público Federal (MPF) quer impedir a propaganda eleitoral em serviços como o Telegram, um aplicativo russo, na campanha política deste ano. A plataforma tem sido usada para abrigar bolsonaristas foragidos, como mostrou o Estadão, e o presidente Jair Bolsonaro incentiva apoiadores a migrar para a rede, onde conta com mais de

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Um grupo do Ministério Público Federal (MPF) quer impedir a propaganda eleitoral em serviços como o Telegram, um aplicativo russo, na campanha política deste ano. A plataforma tem sido usada para abrigar bolsonaristas foragidos, como mostrou o Estadão, e o presidente Jair Bolsonaro incentiva apoiadores a migrar para a rede, onde conta com mais de 1 milhão de seguidores e se sobressai entre os demais pré-candidatos ao Palácio do Planalto.

A avaliação de que o Telegram não pode servir de palanque virtual para divulgar fake news é respaldada por procuradores que atuam no combate a crimes cibernéticos e vem sendo compartilhada internamente como proposta de atuação nas eleições. O argumento é baseado no fato de o aplicativo, com sede em Dubai, não ter representação no Brasil e não cumprir ordens da Justiça. O mesmo princípio se aplicaria a outras redes que passaram a ser usadas por bolsonaristas para driblar banimentos, como Gettr, Parler e Gab.

O presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Luís Roberto Barroso, enviou no último dia 16 um ofício ao Telegram, por e-mail, solicitando audiência com Pavel Durov, fundador da empresa. Barroso pediu um encontro para discutir cooperação contra a desinformação que circula no Telegram e afeta a confiança nas eleições. Solicitou, ainda, que Durov indique um representante para dialogar com o TSE. Até agora, não obteve resposta.

SEM LIMITE

Dados citados pelo tribunal indicam que o aplicativo está presente em 53% dos smartphones ativos no Brasil. Mesmo assim, tem ignorado pedidos de colaboração das autoridades brasileiras. Concorrente do WhatsApp, vilão digital das eleições de 2018, o Telegram permite grupos com 200 mil pessoas, além de compartilhamento irrestrito, e representa agora uma das principais preocupações da Justiça com disseminação de notícias falsas, discurso de ódio e outros crimes.

Com regras de funcionamento menos rígidas, atrai extremistas banidos de redes como Facebook, Twitter e YouTube. É por meio do Telegram, por exemplo, que o blogueiro foragido Allan dos Santos continua promovendo ataques a instituições após ter contas excluídas de outras plataformas.

Estadão


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