O Supremo Tribunal Federal (STF) esteve no centro das discussões no país ao longo de 2021. A Corte foi alvo de ataques que o presidente Jair Bolsonaro (PL) desferiu também ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e enfrentou a ira dos apoiadores do governo, que defenderam o fechamento do Supremo, além do impeachment de todos os ministros da Casa. Neste ano, o STF se prepara para outros momentos difíceis, ao pautar julgamentos polêmicos e deverá ter papel decisivo nas eleições presidenciais.
O pleito de 2022 será marcado por algumas novidades, entre elas a definição do horário de Brasília para o calendário de todo o país no dia da votação, a criação de federações partidárias e até mesmo a adoção do fone de ouvido descartável para deficientes auditivos nas seções. Algo que preocupa o Judiciário é o combate à desinformação — as chamadas fake news, que se tornaram alvo de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do Senado Federal e de um inquérito no próprio Supremo. O cientista político Tiago Valenciano, pós-doutorando em sociologia pela Universidade Federal do Paraná (UFPR), aposta no protagonismo do STF em 2022. “Principalmente em pautas eleitorais ou polêmicas que venham das eleições, como fake news, disparo em massa na internet e outras que vão surgir ao longo das eleições. O STF, infelizmente, vai ter que intervir em algum momento. O presidente (Bolsonaro) vai colocar em xeque a legitimidade institucional e, possivelmente, a segurança das eleições”, observa. Na avaliação de Rogério Arantes, professor de ciência política da Universidade de São Paulo (USP), Jair Bolsonaro deve lançar mão da disseminação de notícias falsas e protagonizar embates com o Supremo para agradar o eleitorado mais fiel. “O cenário para 2022 é muito delicado porque o presidente vai seguir patrocinando esses ataques, sobretudo por causa de um ano eleitoral”, destaca.
Estado de Minas