“Se o juiz Moro tivesse aspiração política, ele poderia ter se tornado presidente ou senador nas últimas eleições com alta probabilidade de êxito“, escreveu o então procurador da República Deltan Dallagnol, em 1º de novembro de 2018, poucos dias após o ex-juiz federal Sergio Moro aceitar ir para o Ministério da Justiça e Segurança Pública de Jair Bolsonaro. 37 meses depois, tanto o juiz quanto o procurador – acusados de se aliar contra os acusados da operação Lava Jato – agora se encontram no mesmo partido, o Podemos, onde Moro alimenta uma pré-candidatura à presidência da República, enquanto Deltan, filiado nesta sexta-feira (10), deve concorrer a um cargo no Congresso Nacional em 2022.
Apesar de atuarem em lados distintos do tribunal – Moro julgando argumentos e provas trazidas por Dallagnol – o ex-Ministério Público citou o juiz 192 vezes em seu Twitter, hoje seguida por 1,3 milhão de contas. O procurador sempre adotou um tom elogioso às falas do ex-juiz, e ver as centenas de citações do procurador a Moro, em linha cronológica, pode dar a falsa impressão de que ambos trabalharam junto pensando em um projeto político futuro.
O Congresso em Foco procurou Dallagnol para falar sobre o caso. O ex-procurador, por meio de sua assessoria, indicou ser “testemunha da eficiência, dedicação e justiça de Sérgio Moro na operação Lava Jato, e da coragem com que ele enfrentou desafios que nenhum outro juiz enfrentou na história do país”.
Congresso em Foco