| 9 dezembro, 2021 - 18:00

VÍDEO: “Vergonha de pedir justiça. É impossível fazer justiça a esses pais”, diz promotor do caso Kiss

 

Começou, na tarde desta quinta-feira, a fase de debates no julgamento do caso da Boate Kiss em Porto Alegre. A etapa teve início pelo representante do Ministério Público, o promotor David Medina, que se dirigiu aos familiares das vítimas presentes no plenário dizendo que é impossível fazer justiça para cada pai e mãe que perdeu

Começou, na tarde desta quinta-feira, a fase de debates no julgamento do caso da Boate Kiss em Porto Alegre. A etapa teve início pelo representante do Ministério Público, o promotor David Medina, que se dirigiu aos familiares das vítimas presentes no plenário dizendo que é impossível fazer justiça para cada pai e mãe que perdeu um filho na tragédia.

“Eu tenho vergonha de pedir justiça porque é impossível dar justiça a esses pais e mães. Como vamos dar o que é justo para cada um desses pais e mães? Quem eles vão abraçar no Natal neste ano? E no ano que vem? Não existe prisão pior do que esses pais. Tem muita dor do lado de lá”, afirmou. 

Ele ainda ressaltou que os sobreviventes também sofrem com uma certa “prisão”, colocando o exemplo de Kellen Ferreira, que esteve presente no plenário para dar o seu depoimento sobre a noite da tragédia, e que perdeu parte da perna. 

O Promotor também falou sobre enquadrar o incêndio na Boate Kiss como crime de homicídio doloso. “Nós precisamos dizer que incendiar uma casa lotada de gente é crime de homicídio doloso porque isso vai proteger, daqui para frente, nossos filhos e filhas. Eu não quero ver meu filho entrando numa boate para nunca mais sair. Isso só vai acontecer se a gente conseguir dizer para todos os proprietários de boates do Brasil que cuidem dos seus frequentadores. As pessoas entram e precisam sair”, destacou. Ele ainda disse que pede a condenação por crime doloso “não porque os réus quiseram provocar o incêndio, mas porque assumiram o risco”.

Medina também citou que a tese dos acusados é de que eles não têm culpa, e que a culpa é do sistema. “Eles não têm condições de assumir seu erro porque é muito difícil assumir a morte de 242 pessoas. Quer negar, nega, mas não fica espalhando responsabilidades”, disse. 

Medina questionou se sócios da boate tinham preocupação ou indiferença com a segurança: “Não tinham preocupação nenhuma. Eu já assumi o lado da indiferença. Se a gente abstrair todas as mentiras contadas nesse processo, tentando atribuir responsabilidade a outras pessoas, e perceber a forma como os réus agiram, houve indiferença”, afirmou o promotor e ainda questionou “se haviam luzes indicativas, como tantas pessoas morreram empilhadas nos banheiros da casa.”

Correio do Povo


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