| 2 agosto, 2021 - 10:01

Advogado negro é agredido por PMs durante abordagem na Bahia

 

O advogado Leandro Oliveira, de 40 anos, afirma ter sido agredido com um tapa no rosto e cotoveladas por uma guarnição da Polícia Militar, na cidade de Madre de Deus, no cais onde aportavam as lanchas que fazem a travessias entre a cidade e Salvador e suas ilhas. O caso ocorreu neste sábado (31). A

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O advogado Leandro Oliveira, de 40 anos, afirma ter sido agredido com um tapa no rosto e cotoveladas por uma guarnição da Polícia Militar, na cidade de Madre de Deus, no cais onde aportavam as lanchas que fazem a travessias entre a cidade e Salvador e suas ilhas. O caso ocorreu neste sábado (31). A Ordem dos Advogados do Brasil Seção Bahia (OAB-BA) divulgou nota, onde diz repudiar a agressão sofrida pelo advogado. A instituição diz se tratar de “mais uma demonstração do racismo que permeia a sociedade brasileira e instituições como as polícias militares.” Em nota, a PM alega que os policiais foram desacatados.

Neste domingo, o Correio conversou com Leandro sobre a situação. “Eu atendo na comunidade de Paramana, Ilhas dos Frades. Advogo lá nos finais de semana. Minha mãe tem uma casa lá, e é um lugar que frequento desde os 8 anos, por isso terminei montando um escritório lá”, contou.

O advogado tentava voltar para Salvador, de Paramana, mas por conta do mau tempo, foi informado que teria que embarcar do distrito de Loreto, que fica a cerca de 2 km de Paramana. “Como era uma paletada, eu tirei minha roupa de atendimento, botei uma bermuda e caminhei até Loreto. Eu já havia pagado a minha passagem em Paramana, e estava com o comprovante em mãos e segui, junto com meu primo para embarcar em Loreto”, disse.

Ao chegar no distrito, Leandro e passaram pela catraca que dá acesso às embarcações. Neste momento, ele disse ter sido abordado por uma funcionária do local que disse teríamos que pagar, cada um, R$ 25 reais por ter “entrado” em Loreto. “Eu expliquei a ela, que não estava ali usufruindo, que vim apenas para o embarque, já que não poderia embarcar em Paramana. Ela disse que dessa forma eu iria prejudicá-la, eu informei que não embarcamos em Paramana por uma orientação”.

A Ilha dos Frades tem uma taxa de preservação ambiental. No entanto, além de ter ido até o trecho por orientação da travessia, o advogado tem residência na Ilha, ou seja, não deveria ser cobrado pela taxa. “Eu não fui ao Loreto porque eu quis usufruir, eu só queria sair da Ilha”, disse.

Ele realizou o embarque e ao chegar em Madre de Deus, uma guarnição da Polícia Militar já o aguardava no cais. O advogado seguia em direção ao local onde o seu carro estava estacionado, quando foi abordado pela guarnição de policiais militares da 10ª CIPM. 

“Com uma mão na arma, o policial me abordou dizendo para que colocasse as mãos na cabeça, abrisse as pernas e virasse de costas. Então, eu disse que queria saber o motivo da abordagem. Eu disse que queria me identificar para evitar qualquer tipo de constrangimento, mas quando apresentei minha (carteira de identificação) funcional da OAB, ele me deu um tapa na cara”, contou. O advogado diz que os policiais ainda tomaram o celular do seu primo, que tentava registar a ação e o ameaçaram de agressão. 

Segundo o advogado, o policial tentou quebrar o cartão funcional de identificação, e neste momento gritou para que o PM não continuasse, “Ele tentou quebrar minha OAB, aí eu gritei: “Você vai quebrar minha OAB?” Tinha as pessoas em volta, inclusive clientes que eu atendo na Ilha, aí ele desistiu,  mesmo assim ele danificou o chip do meu documento”, disse.

Após o tapa e a tentativa de quebrar o cartão do advogado, o policial decidiu algemar o profissional, que voltou a questionar a motivação, já que, segundo ele, não resistiu. “Depois disso, recebi cotoveladas e fui sendo empurrado na ponte. Ele me colocou na parte de trás da viatura e me conduziu até a delegacia”, disse Leandro.

Correio 24 horas


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