A comarca de Pires do Rio, em Goiás, acolheu um pedido do Ministério Público do Estado e mandou afastar do cargo o secretário municipal de Saúde Assis Silva Filho, por ter imunizado a própria esposa contra a covid-19 furando a fila da vacina para, em suas palavras, “preservar a saúde da mulher da minha vida”.
Silva, que também é pastor da igreja Vitória em Cristo, admitiu ter errado ao fazer comparação com os equívocos cometidos por “grandes vultos da Bíblia”. Ele afirmou que sua intenção era somente de resguardar a vida da mulher.
“Foi com intuito de resguardar e preservar a saúde e a vida da mulher da minha vida. Sou capaz de dar minha própria vida por ela”, disse na ocasião.
Diante do escândalo, a 1ª Promotoria de Justiça de Pires do Rio protocolou uma medida cautelar criminal na comarca local pedindo que o secretário fosse afastado. O pedido foi acolhido pelo juiz José dos Reis Pinheiro Lemes no fim da tarde desta sexta-feira (22).
A decisão obriga o afastamento por 60 dias. “Conforme apurações iniciais, ele determinou a quebra da ordem da vacinação da covid-19 para beneficiar a própria esposa, que não se encaixava no grupo prioritário neste momento”, diz o MP-GO por meio de nota.
De acordo com o MP, a vacinação em Pires do Rio apenas prioriza profissionais da saúde, idosos residentes em instituições de longa permanência, maiores de 18 anos com deficiência, moradores em residências inclusivas e a população indígena.
Segundo o promotor Marcelo Borges Amaral, a decisão de Assis Silva de vacinar a esposa pode constituir “crime de abuso de autoridade e prevaricação”, uma vez que o secretário confessou ter utilizado do cargo movido por questões pessoais.
As investigações continuam durante o afastamento do secretário. O MP instaurou ainda um procedimento para apuração de possível prática de improbidade administrativa.
“O afastamento teve por objetivo impedir que Assis Silva Filho prejudique as investigações e continue se utilizando do cargo para privilegiar pessoas indevidamente no processo de vacinação da covid-19”, afirma o MP.
UOL