| 15 dezembro, 2020 - 16:34

Loja indenizará em R$ 50 mil por impor “meta de peso” a trabalhadora

 

O trecho acima consta nos autos de processo trabalhista no qual uma loja foi condenada a indenizar trabalhadora por estipular “meta de peso” como condição para garantir complemento salarial. Segundo o juiz Marcelo Paes Menezes, da vara Muriaé/MG, a situação é “lamentável”. A remuneração da trabalhadora era pouco mais de R$ 1 mil, mas era

O trecho acima consta nos autos de processo trabalhista no qual uma loja foi condenada a indenizar trabalhadora por estipular “meta de peso” como condição para garantir complemento salarial. Segundo o juiz Marcelo Paes Menezes, da vara Muriaé/MG, a situação é “lamentável”.

A remuneração da trabalhadora era pouco mais de R$ 1 mil, mas era acrescido de R$ 200 pagos “por fora”. No entanto, ela receberia a complementação se atingisse a meta de peso. Nos autos, há a informação de que a mulher era pesada na balança, sob os olhos do sócio da loja, e que recebia bilhetes como:

(IMAGEM: ARQUIVO PESSOAL)

Ao apreciar o caso, o juiz considerou “inadmissível” a exigência do sócio “sem a menor relação com o desempenho das atividades contratadas, a perda de peso corporal da empregada, por puro capricho ou inconfessável motivo de foro íntimo”.

Para o magistrado, a trabalhadora foi submetida à violência psicológica extrema “com a finalidade de desestabilizá-la emocional e profissionalmente”. O julgador salientou que a conduta do sócio da loja colocava em xeque o amor próprio da mulher, “ao repugnar seu próprio corpo para atender ao padrão estético do sócio da empresa”.

“O empregado não é um cidadão de segunda categoria, cuja dignidade tenha menor importância. Impõe-se respeito à pessoa humana.”

O magistrado concluiu que a quantia de R$ 200 servia de acréscimo aos rendimentos da empregada e que não era contabilizada nos recibos de pagamento. “O ordenamento jus trabalhista não admite contabilização paralela de rubrica que integra o núcleo remuneratório do empregado”, disse.

Por fim, o magistrado fixou a quantia de R$ 50 mil a título de dano moral, além da retificação da CTPS da trabalhadora para constar a remuneração mensal o valor de R$1.286,26 e outras verbas trabalhistas.

Ao Migalhas, a advogada Grazielle Berizonzi, que atuou pela trabalhadora, disse:

“É preciso que as pessoas não vejam essa situação como algo aceitável. E, parafraseando Maria E. De Freitas, Roberto Heloani e Margarida Barreto (2008) “aceitar a violência como algo normal é torná-la ainda mais violenta. A violência mina a esperança no futuro, desintegra o vinculo social, fortalece o individualismo predador, corrói a cooperação e a confiança, derrota a solidariedade e retira do homem a sua humanidade.”

Migalhas


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