| 28 junho, 2020 - 15:06

Advogados dizem que fizeram mais testamentos do que divórcios na quarentena

 

A coluna conversou com advogados renomados de família, para verificar se o suposto boom de divórcios noticiado no início da quarentena na província de X’iam, na China, teria correspondência no Brasil. De acordo com o jornal chinês “The Global Times”, o fenômeno ocorrido lá foi causado pelo desgaste da convivência em tempo integral de marido

A coluna conversou com advogados renomados de família, para verificar se o suposto boom de divórcios noticiado no início da quarentena na província de X’iam, na China, teria correspondência no Brasil. De acordo com o jornal chinês “The Global Times”, o fenômeno ocorrido lá foi causado pelo desgaste da convivência em tempo integral de marido e mulher, durante o confinamento imposto pela pandemia.

Reprodução

Embora o mesmo tipo de corrosão tenha sido observado em relacionamentos no Brasil, e amplamente divulgado na mídia, os advogados afirmam que a busca por orientação para abrir processos de divórcio não teve a mesma expressividade que se registrou na redação de testamentos.

“Mais do que o desgaste das relações, há o medo morrer. De uma hora para outra, a pandemia de covid-19 trouxe uma percepção de finitude que as pessoas não tinham. Ninguém ficava pensando em morte o tempo todo”, afirma o advogado Carlos Eduardo Regina, que defende os filhos de Gugu Liberato.

Diz Regina que, “de repente, preocupações comezinhas ganharam um peso inédito”. “O pai de família, ou quem quer que esteja no comando financeiro da casa, pensa: ‘Amanhã, se eu não estiver aqui, quem vai pagar o supermercado?’. Sendo que amanhã pode ser amanhã mesmo.”

Melhor adiantar

Apesar do confinamento, o segundo casamento do cirurgião vascular Wilson Jr., 59 anos, vai bem — o que não significa que o tenha livrado de problemas de saúde decorrentes da obesidade. Com 120 kg em 1,76 m, Jr. sofre de diabetes e pressão alta, e, por conta disso, achou melhor adiantar o testamento que havia planejado fazer no fim do ano.

“Sei que faço parte do grupo de risco da covid-19, estou mais propenso a desenvolver a doença e que posso não resistir”, diz ele, que é pai de cinco filhos. “Minha principal preocupação foi deixar o apartamento em que eu moro com reserva de usufruto para minha segunda mulher. Meus filhos com ela são menores, um deles tem 10 anos, achei que seria bom dar a ela alguma segurança.”

Paulo Sampaio – UOL


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