| 30 maio, 2020 - 18:06

Não podemos permitir que a “porra” do Coronavírus vença a guerra…

 

Na semana em que o Rio Grande do Norte registrou um total de 7.402 casos confirmados e 305 óbitos (dados do dia 30/05/2020), enquanto o Brasil já possui 469.510 casos confirmados e 28.015 óbitos, restou percebido que os grandes destaques nos noticiários nacionais foram as operações da Polícia Federal

Reprodução

Por Carlos Kelsen Silva dos Santos

Na guerra entre fake news, políticos despreparados e sem noção, ausência de planejamento e medidas concretas direcionadas ao combate à contaminação, o grande vencedor tem sido o Coronavírus, inimigo “invisível”, “pouco conhecido” pela comunidade científica e que tem causado um grande estrago por todo o mundo.

Na semana em que o Rio Grande do Norte registrou um total de 7.402 casos confirmados e 305 óbitos (dados do dia 30/05/2020), enquanto o Brasil já possui 469.510 casos confirmados e 28.015 óbitos, restou percebido que os grandes destaques nos noticiários nacionais foram as operações da Polícia Federal, que tiveram como objetivo apurar as possíveis irregularidades na aquisição de insumos e a instalação de hospitais de campanha no Rio de Janeiro, além das buscas e apreensões envolvendo o inquérito que apura as fake news.

Com as reações imediatas do Presidente da República, que no dia da primeira operação, que tinha como alvo um “adversário”, elogiou a decisão judicial oriunda do Superior Tribunal de Justiça e até ironizou o Governador do Rio de Janeiro; e na operação do dia seguinte, que teve como alvos “aliados”, criticou de maneira grosseira o comando nascido do Supremo Tribunal Federal, esbravejando a palavra “porra”, os nomes Coronavírus e COVID 19 perderam força no debate nacional, porém ganharam espaço em relação à contaminação.

Para se ter uma ideia mais precisa, na última sexta-feira, dia 29/05/2020, passados 73 dias da primeira morte, o Brasil se tornou o quinto lugar do mundo com maior número de mortes, tendo ultrapassado a triste marca da Espanha, estando a caminho de atingir a França (28.665), Itália (33.229), Reino Unido (38.243) e Estados Unidos (102.201), que ocupam respectivamente a quarta, terceira, segunda e primeira colocações.

Em artigo anterior, publicado com o título “O Coronavírus no Brasil: será que planejamento e união ajudariam?”, destaquei a necessidade de união da nossa classe política, com a adoção de providências e a prática de atitudes compartilhadas e sincronizadas.

Como pelo que percebi, nenhum integrante da classe política leu e, se chegou a ler, não concordou, acredito que seja hora de falar em união da população brasileira, principal alvo do ataque do Coronavírus, sem distinção de classe ou condição econômica.

Durante os mais de 60 dias de isolamento social, já foi possível perceber os estragos econômicos da chegada do Coronavírus no país, o colapso do sistema público de saúde, as limitações que serão enfrentadas no sistema educacional e agora, de maneira ainda mais severa, os estragos psicológicos que muitos passaram a sofrer.

Afinal, estamos diante de uma situação em que, a todo momento, fala-se de uma doença que não possui um padrão de tratamento, não se sabe até quando ela estará se espalhando pelo país, teme-se, ao ser contaminado, inexistir vagas disponíveis nos hospitais para internação e, o que tem sido mais grave, até quando a palavra incerteza estará em destaque. Tudo isso sem esquecer a dificuldade de conceituar a expressão “pico”.

O que se sabe é que iniciamos o isolamento social para evitar à contaminação e adiar a chegada do “pico”. Em paralelo, o Poder Público avançaria na preparação do sistema de saúde, com abertura de novas vagas e leitos de UTI.

Passados mais de 60 dias, nenhuma autoridade afirmou se o que fizemos teve efeito, se os leitos de UTI previstos foram instalados e se estamos no “pico”, próximo dele ou se ele não virá.

Talvez uma informação frequente, clara, direta e oficial, transmitida pelos órgãos públicos encarregados de cuidar da crise, facilitasse um pouco o engajamento da população ao isolamento social, a adoção das providências de higienização e até mesmo a solidariedade vista por diversas pessoas anônimas, que passaram a destinar uma parte do que tinham para ajudar aqueles mais necessitados.

Em um país em que a maior parte da população vive em situação precária, com limitações até mesmo de comida, não é possível que a palavra “porra” dita pelo Presidente da República seja suficiente para perdermos uma semana debatendo o que ele quis dizer, enquanto o Coronavírus se alastra, atingindo todas as classes sociais, especialmente, os mais pobres, que sequer possuem espaço em suas moradias para impedir a disseminação.

Exatamente por isso, ouso lançar os seguintes questionamentos:
⁃ Ministério da Saúde: quais as providências de combate ao Coronavírus que estão planejadas para o mês de junho/2020?
⁃ Secretaria Estadual de Saúde: atingimos o “pico”? que postura poderemos adotar durante os próximos 15 dias para que o aumento dos casos seja evitado?
⁃ Secretaria Municipal de Saúde: já é possível falarmos em retomada gradual das atividades comerciais? Existe algum plano?

Não podemos permitir que a “porra” do Coronavírus vença a guerra…

Carlos Kelsen Silva dos Santos
Advogado, Sócio do Lucio Teixeira dos Santos Advogados, Autor do Quadro “Visão Jurídica”, que acontece todas as terças-feiras, durante o programa Cidade Notícias, na Rádio Cidade 94FM.


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