O presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Dias Toffoli, disse em entrevista ao jornal “O Estado de São Paulo”que “o Ministério Público deveria ser uma instituição mais transparente” e que “a Lava-Jato destruiu empresas”. Toffoli afirmou aida que o presidente Jair Bolsonaro mantém “um discurso permanente para a base que o elegeu”, mas que também tem capacidade de diálogo.
“A Lava-Jato foi muito importante, desvendou casos de corrupção, colocou pessoas na cadeia, colocou o Brasil numa outra dimensão do ponto de vista do combate à corrupção, não há dúvida. Mas destruiu empresas. Isso jamais aconteceria nos Estados Unidos. Jamais aconteceu na Alemanha”, disse Toffoli.
Toffoli afirmou ainda que o Ministério Público deveria ser uma instituição mais transparente. De acordo com o ministro, o “Poder Judiciário é o poder mais transparente” e casos como a prisão dos desembargadores do Tribunal de Justiça da Bahia (TJBA) — resultado do trabalho feito pelo Superior Tribunal de Justiça e pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ) — não aconteceria se dependesse do Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP) “até pouco tempo”.
Ao ser questionado sobre o que achava do presidente, em meio a um cenário de polarização ideológica e discursos extremados, Toffoli afirmou que Bolsonaro “tem um discurso permanente para a base que o elegeu, mas ele tem uma capacidade de diálogo também”.
“É uma pessoa que muitas vezes é julgado pelo que ele fala, mas ele tem, no governo, pessoas e áreas de excelência funcionando muito bem. Não vou dizer quais são, porque aí vou estar dizendo quais não estão indo bem. Mas são áreas de excelência, tem feito belíssimos trabalhos, tem tido diálogos com as instituições o tempo todo. A impressão, curiosamente, é que é um governo com aquela mensagem mais isolada, mais sectária para determinado segmento da sociedade, e não um governo de todos. Mas, no dia a dia, políticas públicas estão sendo desenvolvidas, como na área de infra-estrutura. Na área da economia tem sido sempre feito um amplo diálogo com o parlamento. E aqui mesmo no Supremo”, disse.
O Globo