O prefeito do RJ Marcelo Crivella pediu desculpas à juíza Mirela Erbisti, da 3ª vara de Fazenda Pública da Capital, por declarações sobre ela.
Em maio, a magistrada proferiu decisão na qual determinou o fechamento da avenida Niemeyer após um deslizamento de terra na pista.
Durante um evento na última quinta-feira, 3, Crivella disse que a juíza “é muito bonita, tem uma beleza de parar o trânsito, mas não precisa praticar, né, pessoal?”. Ele ainda teria dito que “é difícil encontrar mulher teimosa. Isso é raro, né gente? É raro. Normalmente elas concordam, né?”.
No pedido de desculpas, o prefeito disse que não teve intenção de ofender.
“O prefeito do Rio tem todo o respeito pela magistratura. Se, por acaso, em algum momento o espírito carioca — é, o espírito carioca — a gente fez algum gracejo, então quero aqui me redimir e dizer que a juíza me desculpe.”
O TJ/RJ divulgou uma nota criticando a fala do prefeito, que classificou como “grave ataque à democracia” e disse que o interesse público “está acima de interesses pessoais, políticos e religiosos”.
Ao pedir desculpas, o prefeito aproveitou para fazer um novo apelo para que a magistrada reconsidere sua decisão e reabra a Niemeyer.
“Aquilo que dizíamos se cumpriu: não houve deslizamento. Aliás, nunca houve, nos 50 anos da Geo-Rio, um episódio de deslizamento em dia de sol com céu azul. E o que pedimos foi para abrir a Niemeyer em dia de sol com céu azul. Então faço esse apelo aqui pedindo desculpas, escusas, se por acaso fui deselegante ou descortês.”
Veja a íntegra da nota do TJ/RJ:
A separação dos poderes configura verdadeiro pilar do Estado Democrático de Direito.
O Poder Judiciário do Estado do Rio de Janeiro, reconhecido, anos a fio, como o mais eficiente do país, reafirma que a decisão judicial submete a todos, notadamente aos agentes públicos que exercem mandatos eletivos.
A via recursal é a forma correta para combater decisões judiciais das quais se discorda. Ataques pessoais à figura do julgador remetem a tempos obscuros da nossa sociedade.
A insatisfação de um governante municipal divulgada na mídia, diante de uma decisão judicial até o presente momento mantida pela instância recursal, consiste em grave ataque à democracia.
O interesse público está acima de interesses pessoais, políticos e religiosos”, disse Claudio de Mello Tavares, presidente do Tribunal de Justiça.
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