| 4 outubro, 2019 - 09:15

‘Rei dos habeas corpus’: como Alberto Toron tornou-se um dos advogados mais concorridos da Lava Jato

 

Responsável pela defesa de Aldemir Bendine, ele é o autor do recurso com a engenhosa tese que desferiu o primeiro grande golpe contra a Lava Jato

Foto: Michel Filho / Agência O Globo

O advogado Alberto Zacharias Toron, autor do recurso com a engenhosa tese que desferiu o primeiro grande golpe contra a Lava Jato em cinco anos de operação, tem um apelido entre seus pares, que ele detesta: “Rei dos Habeas Corpus”. A rejeitada alcunha, uma referência ao instrumento jurídico usado por advogados para questionar excessos dos tribunais, tem razão de ser. A vitória de Toron no Supremo Tribunal Federal (STF) é a mais vistosa de sua carreira, mas está longe de ser a única.

Há oito anos, foi dele o argumento que ajudou a aplicar a maior derrota até então a uma operação de combate à corrupção, a Castelo de Areia, antecessora da Lava Jato, deflagrada em 2009 para investigar pagamento de propina a políticos por executivos da empreiteira Camargo Corrêa — parece familiar?

“Eu realmente sempre manejei e impetrei muitos habeas corpus e tenho casos que são ‘leading cases’ (criadores de precedentes) do STF. Mas isso de Rei dos Habeas Corpus foi muito maldoso. Não me considero rei de nada. Sou um advogado que luta pelos clientes e para viver com dignidade”, disse.

A fama de não se resignar com uma decisão contrária e de impetrar recursos de todo tipo transformou Toron em um dos advogados mais procurados e mais caros da Lava Jato. Casos importantes são cobrados na casa dos milhões de reais.

Além de Bendine, de quem conseguiu anular a sentença condenatória, o criminalista tem outros clientes de peso na operação, como o empresário Fernando Bittar — sócio de Fábio Luís Lula da Silva, o Lulinha —, e o ex-senador e atual deputado federal Aécio Neves, alvo de investigações em razão do suposto recebimento de propinas pela Odebrecht e pela JBS.

Segundo colegas, assim como todos os grandes criminalistas, Toron sofre de uma espécie de analgesia moral para exercer a profissão: age tecnicamente, independentemente da gravidade do crime cometido.

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