| 8 julho, 2020 - 10:11

Trabalhadoras mulheres são mais vulneráveis em meio à pandemia, analisa juíza do TRT-RN

 

Jovens com ingresso recente no mercado de trabalho, trabalhadores idosos com comorbidades e mulheres. Esses são os grupos laborais que mais sofreram com a pandemia do novo coronavírus. É o que explica a juíza do trabalho Fátima Christiane Gomes de Oliveira, que integra o quadro de magistrados do Tribunal Regional do Trabalho da 21ª Região

Divulgação

Jovens com ingresso recente no mercado de trabalho, trabalhadores idosos com comorbidades e mulheres. Esses são os grupos laborais que mais sofreram com a pandemia do novo coronavírus. É o que explica a juíza do trabalho Fátima Christiane Gomes de Oliveira, que integra o quadro de magistrados do Tribunal Regional do Trabalho da 21ª Região (TRT-RN).

A magistrada conta que a crise social provocada pela Covid-19 afetou especialmente os grupos considerados vulneráveis, com destaque para as mulheres que realizam serviços domésticos, com base em dados, de maio deste ano, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

“Houve uma perda de postos de trabalho domésticos de 727 mil somente nos três primeiros meses da pandemia aqui no Brasil. Historicamente, sabemos que a maior parte desse trabalho doméstico é desenvolvida por mulheres e elas são chefes de família e estão completamente desamparadas”, analisa a juíza.

Para Fátima Christiane Gomes de Oliveira, que atua na 6ª Vara do Trabalho de Natal, o novo coronavírus impôs a necessidade do isolamento social para a população de diversos países e, no Brasil, questões de desigualdade afloraram e chamaram a atenção em meio à pandemia. Entre elas, segundo a magistrada, está a desigualdade de gênero.

“Também historicamente, as tarefas relacionadas ao lar e aos cuidados dos filhos sempre foram atribuídas às mulheres, mesmo após o ingresso massivo delas no mercado de trabalho. Essa tradição persiste até hoje, principalmente no Brasil, e neste contexto, provoca uma sobrecarga ainda maior nas suas rotinas”, comenta ela.

Fátima Christiane Gomes de Oliveira explica que, neste momento, mulheres estão confinadas com seus maridos, parceiros e parceiras em relacionamentos que já podiam ser violentos antes do isolamento.

“As pessoas estão mais tensas, com medo de serem contaminadas. Estão ansiosas e não sabem se vão continuar tento trabalho. Se já havia uma tensão, um conflito com violência doméstica dentro desse lar, essa ansiedade, essa alteração de humor, acentuou ainda mais isso”, acredita a magistrada.

De acordo com dados do Governo Federal, somente no mês de abril, primeiro mês de distanciamento social, houve um aumento de 40% nas denúncias realizadas pelo número 180, da Central de Atendimento à Mulher em Situação de Violência. No Rio Grande do Norte, segundo o Observatório da Violência (Óbvio-RN), o aumento da violência doméstica, durante a pandemia, foi de 260%.


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