| 1 dezembro, 2019 - 17:27

Advogado publica texto expressando revolta pela violência contra a mulher no RN: “a cada 2 horas uma mulher é assassinada”

 

Advogado comentou sobre recente morte de jovem em São Miguel

O advogado Kennedy Diógenes divulgou texto expressando revolta pela violência contra a mulher no Rio Grande do Norte, enfatizando o recente caso da jovem Renata Maciel, 23 anos, na última semana em São Miguel.

Reprodução

Confira na íntegra óia

Violência contra a mulher: vergonha da sociedade.

Neste dia 30 de novembro, faleceu a jovem Renata Maciel, de apenas 23 anos, vendedora de uma loja no município de São Miguel, depois de 6 dias internada, vítima de um tiro covarde disparado à queima roupa em seu rosto, no último sábado (23/11).

O principal suspeito é seu ex-namorado, que, segundo a polícia, não teria se conformado com o término do namoro, estando foragido até o presente momento.

Renata entra para uma das mais terríveis estatísticas ostentadas pela nossa sociedade, sobretudo no pequenino Estado do Rio Grande do Norte: uma mulher, somente pelo fato de ser mulher, é vítima de algum tipo de violência a cada 14 minutos e assassinada a cada 2 horas.

Presto minhas exéquias a Renata e solidariedade à família enlutada. Gostaria de prometer a esta família que Renata seria a última vítima, que nossa Polícia teria estrutura e pessoal para proteger as que a ela recorressem, que nosso Governo investiria em políticas públicas para combater este mal que está enraizado em nossa sociedade, mas não posso, pois só vejo hipocrisia e demagogia cínica.

Gostaria de dizer que a sociedade se mobilizaria, que homens e mulheres iriam para as ruas com cartazes #violêncianão, que faríamos uma revolução para sensibilizar a todos da importância de uma Educação igualitária e não machista, mas também não seria correto, pois só vejo movimentos polarizados em prol de ideologias e não, de pessoas.

Então, o primeiro impulso me compele a fechar os olhos e chorar… Choro como filho, como esposo, como pai e avô de mulheres. Choro por medo de acontecer algo de novo, de ver e presenciar o sofrimento de uma filha que foi agredida injustamente. Choro como homem, por pura vergonha da covardia desses que vestem calças e acham que coragem é exercer a força contra alguém mais fraco. Choro por mágoa desses que praticam a violência por capricho ou porque acreditam que têm a posse de alguém.

Pois, estes não são homens; não passam de covardes, de criaturas egocêntricas com assombrosos aleijões morais que deturparam ainda mais sua acanhada visão de viver em sociedade e de respeito à mulher. Será que não se recordam que foram gerados por mulheres, ensinados por mulheres? Será que não conseguem enxergar que o machismo é uma doença que fustiga o espírito à beligerância sem fim? Estultos, são o que são.

Infelizmente, enquanto lamento, outras Renatas acabaram de levar um tapa, de terem seu cabelo puxado, de levarem um grito… É um ciclo vicioso que só se combate com punição dos agressores e educação dentro de casa.

Para tanto, denunciem na primeira agressão, afastem-se das relacões tóxicas e, caso sejam ameaçadas, procurem ajuda. Quem deverá sentir vergonha é o agressor.

Quanto a educação, mães e pais, conversem com seus filhos. Desde tenra idade, ensine-os a respeitar as pessoas independentemente do sexo, de sua opção ou classe social. Evitemos sofrimento no futuro, pois ambas as famílias, de agressor e agredida, condoem-se das vidas destruídas de seus filhos.

Por fim, peço a Deus que ampare todas as famílias que perderam suas filhas e mães, vítimas de violência e precocemente retiradas de seu seio. Que encontrem conforto na esperança do reencontro em nossa pátria espiritual.

Kennedy Diógenes


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