| 19 agosto, 2025 - 13:22

Influenciadoras que ofereceram banana e macaco de pelúcia a crianças são condenadas

 

Durante o processo, as rés alegaram que não tinham intenção de ofender e que os vídeos faziam parte de uma “trend” do TikTok. Nancy afirmou que não sabia o que era racismo e que apenas queria “alegrar as crianças”.

Reprodução

A Justiça do Rio de Janeiro condenou, nesta segunda-feira (18), a 12 anos de prisão em regime fechado as influencers Nancy Gonçalves Cunha Ferreira e Kerollen Vitória Cunha Ferreira por injúria racial.

As influenciadoras tinham mais de 12 milhões de seguidores em redes sociais na época do inquérito foram responsabilizadas por oferecer uma banana e um macaco de pelúcia a crianças negras durante vídeo veiculado em redes sociais.

Além da pena de prisão, Nancy e Kerollen foram condenadas ao pagamento de R$ 20 mil de indenização para cada uma das vítimas, corrigidos monetariamente.

As duas poderão recorrer em liberdade, mas seguem proibidas de publicar conteúdos semelhantes nas redes sociais e de manter contato com as vítimas.

A sentença também determina que, após o trânsito em julgado, sejam expedidos mandados de prisão e cartas de sentença.

Os crimes ocorreram em São Gonçalo, na Região Metropolitana do Rio, em 2023. A decisão ressaltou que vídeos da gravação foram divulgados nas redes sociais.

Na sentença, a juíza Simone de Faria Ferraz, da 1ª Vara Criminal de São Gonçalo, observou que as influenciadoras abordaram uma criança de 10 anos e uma de 9 oferecendo presentes em tom de deboche. Uma recebeu uma banana e outra, um macaco de pelúcia, ambos símbolos historicamente associados a estereótipos racistas.

Os vídeos foram divulgados nas redes sociais com tom de humor e recreação, o que, segundo a magistrada, configura o chamado “racismo recreativo”, previsto na Lei 7.716/1989, com agravantes por terem sido cometidos em contexto de recreação e por mais de uma pessoa.

Na decisão, a juíza destacou que as rés “animalizaram” as crianças e “monetizaram a dor” das vítimas, que passaram a sofrer bullying e isolamento social após a divulgação dos vídeos.

O menino que recebeu um dos “presentes” foi chamado de “macaco” na escola e chegou a abandonar o sonho de ser jogador de futebol.

A menina passou a brincar sozinha e precisou de acompanhamento psicológico.

Durante o processo, as rés alegaram que não tinham intenção de ofender e que os vídeos faziam parte de uma “trend” do TikTok. Nancy afirmou que não sabia o que era racismo e que apenas queria “alegrar as crianças”. Kerollen disse que só entendeu a gravidade dos atos após a repercussão negativa nas redes sociais.

“A sentença projeta-se para além do caso concreto: ela afirma que a infância negra não pode ser objeto de humilhação recreativa e que o racismo estrutural deve encontrar resistência efetiva no judiciário”, diz trecho da nota assinada pelos advogados Marcos Moraes, Felipe Braga, Flávio Biolchini e Alexandre Dumans, do Escritório Modelo Nilo Batista (SACERJ), que defenderam as famílias das duas crianças negras.

Fonte: g1


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