O coletivo Somar e o grupo Comcil utilizaram as redes sociais para denunciar falas transfóbicas proferidas por desembargadores durante sessão de julgamento realizada no Dia Internacional das Mulheres, 8 de março, no Tribunal de Justiça de Rondônia (TJ-RO).
“Como confiar em um sistema de justiça deveria garantir nossos direitos básicos individuais, sociais, políticos e jurídicos mas que nem mesmo nos reconhece? Vale ressaltar o grupo representado pelos excelentíssimos magistrados: homens cisgênero, heterossexuais, brancos e de classe alta”, consta na publicação.
A denúncia se refere às falas de dois desembargadores durante o fim de uma sessão realizada na 2ª Câmara Criminal do TJ-RO, quando decidem parabenizar as mulheres pelo Dia Internacional da Mulher.
“[Queria] registrar o parabéns pelo Dia das Mulheres, àquelas que nasceram mulheres”.
“Hoje não podemos deixar de observar a comemoração do Dia das Mulheres. Mulheres que nasceram mulheres. […] Então parabéns, a todas as pessoas que nasceram mulheres pela comemoração do seu dia”.
De acordo com a representante do grupo Comcil, Karen Oliveira, a fala é preocupante porque reforça um sistema que estabelece “homem” ou “mulher” exclusivamente por questões biológicas, relacionados ao sexo com o qual a pessoa nasce.
“A gente não conseguiu entender de fato que fala foi essa. Preocupa porque fortalece a invisibilidade e a inexistência dos homens trans. Quando você fala de ‘mulheres que nasceram mulheres’, você está indo a favor do sistema que considera que travestis não são mulheres, mulheres trans não são mulheres e que homens trans não são homens, porque você tá ligando tudo ao biológico”, aponta Karen.