| 21 janeiro, 2023 - 10:08

10 advogados estão entre os presos por ataques em Brasília

 

Eles juraram defender a Constituição, mas estão entre os mais de 1.300 presos por participarem dos atos golpistas em Brasília que resultaram em vandalismo no dia 8 de janeiro. Essa é a situação de ao menos 10 advogados que, segundo o Tribunal de Justiça do Distrito Federal (TJDF), estão detidos em uma sala do Núcleo de

Eles juraram defender a Constituição, mas estão entre os mais de 1.300 presos por participarem dos atos golpistas em Brasília que resultaram em vandalismo no dia 8 de janeiro. Essa é a situação de ao menos 10 advogados que, segundo o Tribunal de Justiça do Distrito Federal (TJDF), estão detidos em uma sala do Núcleo de Custódia da Polícia Militar (NCPM). Por serem advogados, eles têm direito a ficarem recolhidos em espaços sem grades, nas dependências de unidades militares.A Lupa identificou seis perfis nas redes desses profissionais que, ao atacarem a democracia, demonstraram condutas incompatíveis com o Estatuto da Advocacia. Todos com situação regular na OAB (Ordem dos Advogados do Brasil).Um deles é Milton Alves Cardoso Junior (OAB 50657-PR), de 53 anos. Especialista em planejamento patrimonial, o advogado coordena um escritório de advocacia em Curitiba (PR). Nas redes sociais, fez publicações de cunho golpista, postou fotos e vídeos de pessoas acampadas nas portas dos quartéis do Exército e demonstrou não aceitar o resultado das eleições de 2022. “O Brasil nunca se renderá a um ditador. O poder emana do povo”, diz trecho de um vídeo compartilhado no Facebook em 4 de janeiro. Sua situação no cadastro da OAB é regular.Dia antes dos atos, em 5 de janeiro, Cardoso Junior compartilhou um vídeo convocando patriotas para irem até Brasília. A gravação é uma espécie de “comunicado oficial”, que reuniu personalidades bolsonaristas e influencers. “É a última chance que temos para não deixar que o nosso Brasil vire um país comunista”, afirma uma das pessoas no vídeo.

Outro advogado que também está preso é Antonio Valdenir Caliare (OAB 13443-MT), de 56 anos, de Juína (MT). No Facebook, o advogado compartilhou postagens do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), por quem manifestou apoio durante as eleições. “Brasil acima de tudo. Deus acima de todos!”, escreveu, fazendo referência ao slogan de Bolsonaro. A situação de Caliare consta como regular no cadastro da OAB. 

Nara Faustino de Menezes (OAB 192211-SP), de 43 anos, é uma das três advogadas mulheres que foram transferidas para a sala especial da Polícia Militar. Especialista em saúde e segurança do trabalho, ela é dona de um escritório de advocacia em Ribeirão Preto (SP).  No dia dos atos em Brasília, Nara usou sua conta pessoal no Instagram, que não está mais disponível, para incitar ações. “Precisamos de todos os patriotas unidos para vencermos o comunismo que o lulapetismo quer nos impor”, diz parte do texto publicado pela advogada.Na mesma publicação (veja abaixo), ela ainda expressou recusa em aceitar a vitória do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) nas urnas. “Não será meia dúzia de mercenários covardes que impedirȧ que o povo faça o que tem que ser feito para tirar os bandidos do poder”, afirmou. A situação de Nara também é regular no cadastro da OAB. 

Há ainda, entre os presos, o advogado mineiro Thiago Queiroz (OAB 129893-MG), igualmente com situação regular na OAB. Natural de Patos de Minas (MG), ele transmitiu ao vivo a invasão ao Congresso Nacional.“Olha, tudo quebrado aqui. Não sobrou nada […] Tomamos o Congresso. Agora é nosso. Nós é que mandamos aqui” diz Thiago em um dos vídeos publicados em seu perfil do Facebook. Até quarta-feira (18), o conteúdo ainda estava disponível na plataforma.

Outros dois advogados identificados pela Lupa entre os presos pelos atos golpistas foram: Luis Carlos de Carvalho Fonseca (OAB 69545-BA) Luiz Gustavo Sulzbacher (OAB 17961-RS).

Lupa


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