O presidente Jair Bolsonaro (PL) voltou a colocar em dúvida a confiabilidade do voto por urnas eletrônicas, mais uma vez sem apresentar provas. Desde a adoção do sistema de votação no Brasil, em 1996, nunca houve comprovação de fraude nas eleições.
Durante uma live transmitida em suas redes sociais ontem, o mandatário disse que o Exército identificou “dezenas de vulnerabilidades”, sem especificar quais seriam e ainda cobrou respostas do TSE (Tribunal Superior Eleitoral) sobre a afirmação.
Em nota, a Corte eleitoral informou que o pedido de informações das Forças Armadas “apresenta dúvidas sobre funcionamento do sistema eleitoral” e que “não há levantamento sobre possíveis vulnerabilidades”. O TSE ainda considerou que as declarações veiculadas “não correspondem aos fatos nem fazem qualquer sentido”.
“O pessoal do Exército, nosso pessoal da guerra cibernética, buscou, a convite, o TSE e começou a levantar possíveis vulnerabilidades para ajudar o TSE. Foram levantadas várias, dezenas de vulnerabilidades. Foi oficiado o TSE para que pudesse responder às Forças Armadas, porque afinal de contas, pode ser que o TSE esteja com a razão. Pode ser, por que não?”, disse o presidente. Ele atribuiu as informações sobre as supostas vulnerabilidades à “mídia”, de forma genérica.
“Passou o prazo e ficou um silêncio. Foi reiterado. O prazo se esgotou no dia de hoje. Isso está nas mãos do ministro Braga Netto [Defesa] para tratar desse assunto. E ele está tratando desse assunto e vai com toda certeza entrar em contato com o presidente do TSE para ver se o atraso foi em função do recesso, se a documentação vai chegar. E as Forças Armadas vão analisar e vão dar uma resposta”, acrescentou.
De acordo com reportagem do jornal “O Estado de S. Paulo”, que ouviu oficiais da ativa, o Exército fez questionamentos técnicos ao TSE sobre o funcionamento e a cadeia de custódia das urnas. O teor é sigiloso. Eles questionam, por exemplo, onde ficam armazenadas as urnas antes da distribuição aos locais de votação, o tipo de conectividade que elas têm, quais pessoas têm acesso e como e onde é feita a totalização dos votos.
Questionado pelo UOL, o Exército informou que demandas sobre o assunto deveriam ser direcionadas ao Ministério da Defesa. A pasta também foi procurada, e o espaço está aberto para manifestação.
‘Eleições limpas’
Bolsonaro disse que todos no país querem “eleições limpas, transparentes e que possam ser auditadas”, com contagem pública de votos.
Ao contrário do que diz o presidente, as urnas eletrônicas são auditáveis e este procedimento é feito durante a votação. O processo é chamado Auditoria de Funcionamento das Urnas Eletrônicas (ou “votação paralela”). Na véspera da votação, juízes eleitorais de cada TRE (Tribunal Regional Eleitoral) fazem sorteios de urnas já instaladas nos locais de votação para serem retiradas e participarem da auditoria.
UOL